SET:30: O futuro da TV no Brasil depende da TV 3.0

Radiodifusores brasileiros afirmam que a TV brasileira continua sendo relevante, mas, para que no futuro continue levando conteúdo aos telespectadores, precisa mudar o modelo de negócio e utilizar a personalização que o novo padrão de TV permitirá.

Carlos Fini, Presidente da SET, Lorenzo Zanni, Head of Knowledge, IABM – Inform . Connect  Support, Raymundo Barros, Conselheiro da SET e Diretor de Estratégia & Tecnologia da Globo e Roberto Franco, Conselheiro da SET e VP de Assuntos Institucionais e Regulatórios do SBT

O último painel do segundo dia do SET:30 2023 debateu “Quais mudanças esperar no mercado de mídia?”. Moderado por Carlos Fini, Presidente da SET, contou com Raymundo Barros, Conselheiro da SET e Diretor de Estratégia & Tecnologia da Globo; Roberto Franco, Conselheiro da SET e VP de Assuntos Institucionais e Regulatórios do SBT; e Lorenzo Zanni, Head of Knowledge, IABM – Inform . Connect  Support.

Carlos Fini, presidente da SET

A palestra começou com Fini explicando quais são, desde a sua ótica, os desafios e oportunidades do mercado de mídia, que passam por novos hábitos de consumo, plataformas globais, streaming, IP e regulamentação.

Franco disse que é preciso deixar de pensar em “como fazer, e passar a pensar em por que o usuário consume os conteúdos, que busca de valor, o que quer”.  Ele disse ainda, que “devemos ser agnósticos sobre como, e pensar em que e por quê. Temos de encontrar uma chave que possa manter o modelo antigo e uni-lo ao novo, ao mesmo tempo. O produtor deve ser o responsável pelas mudanças, temos que ampliar a nossa visão holística, não podemos continuar pensando em uma empresa separada, devemos estar integrados”

Pela sua parte, Barros, recentemente eleito como presidente do Fórum SBTVD, disse que as ameaças são claras no ecossistema de mídia do mundo, mas “primeiro temos que entender que a relevância da TV no Brasil não se encontra em nenhum outro lugar do mundo. No País, temos mais de 60% da audiência, e nos Estados Unidos não é igual. A relevância continua para a TV aberta, mas os outros cresceram”.

O executivo da Globo disse que “nosso problema é o modelo de monetização. Necessitamos mudar o modelo de negócio, porque a publicidade continua relevante na TV aberta, mas não cresce. Por outro lado, a publicidade de perfomance cresceu nas mídias digitais e nós não jogamos o marketing de influência. Temos como ser relevantes na publicidade em vídeo na TV conectada, para tanto precisamos ter uma distribuição que integre todos os modelos de consumo, que é “a TV 3.0: este é o caminho para que as empresas de mídia tradicional continuem sendo relevantes e com isso voltem a crescer.”

Lorenzo Zanni disse que, após a pandemia, mudou a interação das atividades, por exemplo, na indústria de games, na qual aumentou muito a interação online. Em termos de TV, disse que “as novas gerações consomem outro tipo de conteúdo conectado, para os quais plataformas são fundamentais”, e a interação faz tornar relevante o negócio. Em termos de streaming, disse que “vai depender da experiência do usuário e como eles entendem o ecossistema”.

Em termos de oportunidades, Franco disse que passa pela criação de novos processos e soluções. “Necessitamos ter acesso às novas avenidas de recursos, precisamos mudar para uma nova forma de produção com processos novos que devem ser considerados pela regulação”.

Barros disse que “é preciso organizar a radiodifusão e pensar nos CPN do digital, e o futuro da TV passa pela imersão”, mas antes disso afirmou, “precisamos encontrar modelos e planos de negócios que tornem a radiodifusão uma indústria de crescimento. Não podemos perder relevância. Se perdemos relevância, a situação se complicará. Precisamos ter um consenso do que queremos para a radiodifusão brasileira”.

TV 3.0:  Retro compatibilidade e antena interna

Barros disse que o processo está caminhando, e ainda não há hoje datas de implantação, e acrescentou que “precisamos ter um consenso na indústria e assim construir nosso futuro. Não dá para perder tempo porque é uma questão de sobrevivência”.

O presidente do Fórum agradeceu o apoio da Anatel e do Ministério das Comunicações no trabalho conjunto para a construção da nova geração da TV no país.

 

Por Fernando Moura, em Las Vegas