
TVRO deve alcançar mais de 11 milhões de lares no Brasil até 2029
Informe da Dataxis afirma que cerca de 9 milhões de lares utilizarão a TVRO até final de 2025 e 11 milhões até 2029, já considerando sobreposições com outras tecnologias de TV. Isso reforça a importância da televisão via satélite no Brasil, especialmente em áreas remotas com acesso limitado à banda larga. Empresas do setor trabalham no desenvolvimento de receptores.

Foto: EAF/Divulgação
Empresa de analise de mercado afirma que a transmissão de TV aberta via satélite (Free-to-Air – FTA) passou de ser considerada uma tecnologia em declínio para ter força e interesse no Brasil. “Este crescimento é impulsionado pela migração das residências da banda C analógica para a banda Ku digital, uma mudança determinada pelo governo para liberar o espectro de 3,5 GHz para a implementação do 5G”, explica Lucas Launay, Analista Sênior da Dataxis
No informe, Launay afirma que “antes da transição, estimava-se que 30 milhões de lares brasileiros dependiam da TV via satélite na banda C. Com esse espectro agora realocado para o 5G, muitos telespectadores recorreram a outros serviços de TV, tornando difícil determinar exatamente quantos migrarão para a banda Ku e continuarão utilizando a TV via satélite aberta. No entanto, os primeiros dados de adoção indicam um crescimento significativo”.
Segundo o analista da Dataxis, a “Television receive-only” (TVRO), em Banda Ku está crescendo. Disponível em duas plataformas principais de satélite: SAT HD Regional, que opera via o satélite StarOne D2, e Nova Parabólica, uma marca da Sky que utiliza o satélite Sky Brasil 1 oferecendo cerca de 80 canais abertos, cobrindo conteúdos nacionais e regionais. “A Dataxis estima que essa tendência continuará, com cerca de 9 milhões de lares utilizando TVRO até 2025 e 11 milhões até 2029, já considerando sobreposições com outras tecnologias de TV. Isso reforça a importância da televisão via satélite no Brasil, especialmente em áreas remotas com acesso limitado à banda larga”.

Evolução TV Via Satélite (DTH) no Brasil/ Fonte: Dataxis
5G e Banda Ku
Um dos motivos da mudança para a Banda Ku é a implantação do 5G no Brasil que levou a aceleração da transição da transmissão via satélite no país. Uma das empresas que fornece equipamentos é o Grupo Century que estima que até 2030 a transmissão de TV via satélite pode beneficiar 84% da população brasileira.

Helio Cesar, Supervisor de Novos Negócios da Century
Para a Century , a evolução trazida pelo 5G abre espaço para ampliar sua atuação, oferecendo produtos que vão além da recepção de TV, como soluções integradas de conectividade para atender às crescentes demandas por internet de alta velocidade e serviços digitais. Nesse contexto, Helio Cesar, Supervisor de Novos Negócios da Century, disse à reportagem da Revista da SET que a empresa vê o processo de digitalização da TV e o fim da parabólica analógica “como a evolução natural da tecnologia. Ficamos muitas décadas utilizando a transmissão analógica no satélite, que há seu tempo, revolucionou a recepção de TV no Brasil e acompanhamos a implantação da tecnologia digital com nossos produtos e atuando no desenvolvimento desta tecnologia. Vemos como um processo natural e necessário de evolução da recepção de TV, proporcionando ao público um produto de tecnologia atual com qualidade muito superior a Analógica. Além disso, acredito que é uma transição necessária para a evolução da TV no Brasil. Ainda mais que já estamos entrando na 3ra. geração, com interatividade, melhor qualidade de som e imagem”.
Na atualidade se calcula que foram instalados mais 10 milhões de receptores de banda KU no país, sendo que como noticiado aqui, o Siga Antenado tinha instalado 4 milhões de kits da nova parabólica digital até final de novembro 2024. O Siga Antenado, Entidade Administradora da Faixa (EAF), é o programa que substitui gratuitamente os equipamentos antigos em lares de famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único que assistem TV pela parabólica tradicional.
Helio Cesar disse que “as perspectivas são muito boas pois o sinal distribuído gratuitamente via satélite é uma solução que atende a necessidade da população de receber um sinal de ótima qualidade, com uma grande oferta de opções de canais de TV regionalizados e que funciona em qualquer lugar do Brasil. A Century tem por volta de 2 milhões de ativações desde Junho de 2022, momento que se iniciou da migração”.
Mas mesmo com o auge e crescimento, para Cesar “o mercado de DTH vai precisar se adaptar a um cenário cada vez mais competitivo, impulsionado pelo crescimento do streaming e das tecnologias de internet. Para se manter relevante, as operadoras de DTH terão que inovar, oferecendo pacotes mais flexíveis, apostando em alta definição e buscando integração com novas formas de consumo de conteúdo. Em mercados emergentes e em áreas rurais, o DTH pode continuar sendo uma opção importante. Acredito que após a migração completa dos receptores, o mercado entrará na região de estabilidade de vendas, com reposição do mercado. Em paralelo, esta sendo estudado a possibilidade de usar a transmissão via satélite também para a TV 3.0, sendo um dos meios para continuar atendendo a população brasileira para esta nova tecnologia da TV”.
Por Fernando Moura, em São Paulo