
SET SUL: Santa Catarina analisa a chegada a TV 3.0
Sérgio Santoro explicou em Florianópolis o passo a passo das novas tecnologias que podem formar parte do novo DTV+ e que tornará a TV aberta em uma TV híbrida. Ainda avançou para os benefícios da mudança de padrão e as possibilidades que se abrem para os radiodifusores.
O painel executivo analisou o “Futuro da radiodifusão. TV 3.0 é o caminho?”. Ele foi moderado por Jacques Weissenberg , Diretor de Tecnologia da SCC, e contou com a participação de Sergio Eduardo Di Santoro Bruzetti, Coordenador do GT TV 3.0 da SET.
Santoro começou a sua apresentação perguntando à platéia de Florianópolis se a TV aberta poderia morrer, e respondeu afirmando que não, “porque a TV aberta é presente praticamente de maneira universal nos lares brasileiros, nesse aspecto temos uma fortaleza inigualável em relação a outros mercados”. Assim o executivo mostrou que “dados da Kantar Ibope mostram que a audiência de agosto foi de 81,8% e que a o vídeo online representou 18,2%”. Ele ainda comparou com o mercado norte-americano, no qual a TV aberta alcança um share menor, mas que ainda é relevante.
O coordenador do GT de TV 3.0 da SET disse que mesmo assim é preciso mudar, porque o faturamento está caindo e migrando de plataforma, saindo da TV aberta para as mídias digitais, e explicou que “a TV está perdendo receita para sites de internet. A queda não é com respeito ao vídeo, mas sim para os sites, para o displays”, com uma queda do gasto de mídia televisiva.
Assim, explicou que o mercado publicitário perdeu espaço na TV em relação à internet porque há uma maior segmentação e personalização; mensuração precisa de resultados; melhor custo-benefício; crescimento do consumo de conteúdo online; interatividade e flexibilidade e agilidade já que “anunciar na internet permite que campanhas sejam criadas, ajustadas ou retiradas do ar rapidamente. A TV tradicional exige prazos maiores e é menos flexível quando se trata de alterar ou ajustar campanhas no ar”.
Santoro disse, ainda, que “pelas razões expostas, o atual padrão de TV não consegue competir. É necessário um novo”, ou seja, “não trocamos o equipamento para aumentar a qualidade de vídeo, mas sim mudar para evoluir com o modelo de negócio da TV aberta”.
Segundo o executivo da Record, a TV 3.0 se justifica porque o contexto tecnológico gerou uma necessidade de mudança, e efetivamente oferecerá “maior qualidade de imagem chegando a 4K e 8K com HDR”. Ainda haverá áudio imersivo gerando “melhor qualidade de som”, além de interatividade com a possibilidade de realizar quizz/votação. “Fizemos um teste na Record, colocamos a interação no controle remoto e isso facilitou a vida do espectador para interagir com o televisor”. Ainda, disse, haverá T-Commerce e a exploração de “conteúdo sob demanda, através do qual, por exemplo, poderemos oferecer um capítulo sob demanda ao espectador”.
Outro ponto importante do novo padrão será a “segmentação do conteúdo de acordo com a localização geográfica do espectador, mas também segmentação de publicidade de acordo com o perfil do espectador, utilizando “Dynanic Advertisement Substitution”, e uma nova forma de acessibilidade, e alertas de emergências como maior granularidade.
Outra diferença importante, disse, “o conceito de canal deixa de existir, e passa a ser um conceito de app”, no qual vai mudar a experiência do consumidor. Santoro reforçou que a TV aberta não pode ser escondida “nas smarTV, por isso, queremos ter um botão no controle remoto que dê acesso direto à TV aberta no televisor, tudo com acesso logado, o que amplia o conhecimento do consumidor por parte do radiodifusor”.
Por outro lado, Santoro explicou que o padrão brasileiro tem similaridades com o norte-americano, porém é diferente e tem tecnologias específicas para o Brasil. Afirmou também que os próximos passos passam por canalização e espectro, sobretudo no período de transição; a usabilidade e acesso direto aos sinais de TV aberta; o financiamento para viabilizar os investimentos de toda a cadeia de valor; e o acesso aos conteúdos de TV 3.0 nos smartphones.
Santoro finalizou destacou que a ideia passa por conciliar o alcance, gratuidade, brasilidade, qualidade e excelência com acessibilidade da TV aberta atual, e com isso entrar no mundo digital, no qual temos facilidade, interatividade e experiência, consumo personalizado, dados e medição censitária, e que pode ser colocado tudo em um só lugar.
No fim, Santoro disse que as estações experimentais que serão montadas em São Paulo e Brasília em 2025, e “os testes darão maior visibilidade e início de melhor entendimento de como o mecanismo funcionará.” E ainda disse que “o Fórum trabalha para que o espectador tenha uma transição transparente na mudança de padrão”.Ele falou ainda que a Record está começando a experimentar internamente o uso do datacasting e, como isso pode ajudar, mas, “ainda de forma embrionária”.
O SET Sul tem o patrocínio de Alliance, Canon, CIS Group, Convergint, SES, Sony, Speedcast, Pinnacle/Blackmagic, Embratel e Youcast. Ainda conta com o apoio de IF Telecom, LM Telecom, Propaga Consultoria, SM Facilities e Teletronix. E o apoio institucional a ACAERT e NSC.
Por Fernando Moura e Tito Liberato