
SET SUL: Keynote do evento, Roberto Franco analisa o estado da arte da indústria e a hype da IA
O SET SUL fechou com o keynote de Roberto Franco, ex-presidente da SET. Franco avançou sobre o ecossistema de mídia e entretenimento e apresentou à plateia a sua noção sobre o estado da arte de uma indústria em profunda transformação. Ele reforçou que hoje a promessa dos benefícios da IA são maiores que a realidade.
O SET Sul que se realizou em Florianópolis, capital catarinense, fechou com um o keynote Tecnologia e IA voltadas para Mídia”. Nele Roberto Dias Lima Franco, Conselheiro da SET, analisou o estado da arte da indústria e realizou uma apresentação de highlights a serem tomados em conta na hora de analisar as mídia.
Franco começou a sua explanação falando da evolução da tecnologia e como os tempos têm sido encurtados, e disse que “a tecnologia agrega valor ao ser humano, agrega valor a como vivemos”, e destacou que “hoje estamos numa fase na qual aumentou a interação entre homem e máquina”.
Mais tarde, citando a Pierre Lévy, o executivo disse que a internet, no seu início, gerou uma certa democratização do conhecimento com um desenvolvimento da inteligência coletiva, a chegada do hipertexto, maior acessibilidade e descentralização, mas, na realidade, “as ferramentas de busca e endereçamento das redes sociais criaram bolhas de filtragem, câmaras de eco, polarização e desinformação com a proliferação das fake news”.
O ex-presidente da SET disse que “a evolução do ser humano é muito mais lenta que a da tecnologia, Na tecnologia temos dois grandes Tsunamis, um gigantesco é o da inteligência artificial, que nasceu durante a guerra”. Ele explicou que desde 1950 até hoje a mudança foi grande, mas que o grande salto foi a chegada da Inteligência Artificial Generativa. “A IA Generativa mudou o rumo porque ela oferece a linguagem PNE, o que faz que o ser humano ache que começou agora, mas ela existía antes como sistema predictivo”.
Franco ainda categorizou os tipos de IA e explicou as diferenças da IA preditiva a que denomina IA fraca. E “a IA forte, que igualaria a nossa mente” tendo, entre muitas coisas, “interpretação, criando textos, imagens, fazendo qualquer atividade e interpretação dos comandos”. E, por fim, “viria a Superinteligência Artificial, que ultrapassará a inteligência humana”, mas “nós estamos ainda no primeiro estágio”.
O executivo disse ainda que a IA está progredindo no mercado, para isso, mostrou dados da NAB 2024 em abril e do IBC 2024 neste mês de setembro“. Temos muita gente falando de IA, e a há muitas ferramentas”. Para isso, ele mostrou diferentes aplicações de IA para diferentes setores do mercado de mídia, desde a criação de conteúdo novo até o curadoria e criação de conteúdos baseados em originais com “detecção automática para edição de vídeo, por exemplo”.
Outro exemplo mostrado foi o Watsonx, uma plataforma de IA e dados que utiliza a geração aumentada por recuperação (RAG) em grandes eventos esportivos para aprimorar a experiência dos fãs, com a criação de histórias sobre jogadores e partidas e a geração de comentários para vídeos de destaques.
Em termos de repercussão no mercado, disse que a IA não tem tido grandes resultados, por isso estima que o investimento possa “ter uma desacelerada como qualquer curva de hype, porque a promessa e a expectativa é muito maior que a realidade”. E traçou o perfil do que se fala na sociedade que divide o público e o mercado entre pessimistas e otimistas, e, nesse ponto, Franco afirma que “continuamos com um ponto de observação equivocado” porque precisamos entender que a tecnologia se gera por necessidades, precisa de meios e com eles se criam produtos e serviços.
Para Franco devemos focar em “por que consumimos serviços ou produtos. Temos de pensar nas tecnologias como habilitadoras”, porque “precisamos entender os porquês e as razões para ter chances de inovar, mudando o paradigma do know-how para o Why (por quê)”. Ainda acrescentou que é fundamental entender a dispersão e a concentração, e assim entender que o ser humano tem problemas de convivência já que durante 30 mil anos “achamos que éramos únicos. Aí criamos os homo artificiais (robôs) que evoluem na velocidade da tecnologia” e aos “que vamos ter que aprender a conviver, já que evoluem mais rápido, e com os quais vamos ter de coexistir ao invés de competir”.
Finalmente ele explicou que há que mudar o modelo mental para “sermos mais humanos, sermos melhores que a máquina”, e aí refletiu que diantedo ChatGPT o que vai importar vai ser “saber perguntar”, porque isso “será mais valioso do que responder”, para assim ter “empatia com essa nova espécie, que se dá pela importância de perguntas claras, detalhadas e específicas e a necessidade de vocabulário amplo, rico e preciso”
O SET Sul teve o patrocínio de Alliance, Canon, CIS Group, Convergint, SES, Sony, Speedcast, Pinnacle/Blackmagic, Embratel e Youcast. Ainda conta com o apoio de IF Telecom, LM Telecom, Propaga Consultoria, SM Facilities e Teletronix. E o apoio institucional a ACAERT e NSC.
Por Fernando Moura e Tito Liberato