
SET Sudeste vislumbra como será a implantação do DTV+ no Brasil
Um dos painéis mais esperados do evento, que se realiza no Rio de Janeiro, analisou e vislumbrou perspectivas para a implantação no país da TV 3.0, que será a revolução da televisão e estará impulsionada por novas tecnologias e modelos de negócios inovadores. No painel, afirmou-se que no SET EXPO 2025, que se realiza em agosto, será lançada a estação experimental de TV 3.0.
O penúltimo painel do SET Sudeste, realizado em Copacabana, na capital fluminense, analisou o “DTV+, a Revolução da Televisão Digital: Tecnologia e Novos Modelos de Negócios”, e teve a participação de Leonardo Chaves, Coordenador do GT Camada de Aplicações da TV 3.0 da SET / Executivo de Mídia na NTT Data, e Joel dos Santos, Professor do Cefet/RJ. A coordenação esteve a cargo de Ana Eliza Faria e Silva, Gerente Sênior do Regulatório de Tecnologia da Globo.
Como foco nesse tema, os participantes abordaram o panorama atual e a tecnologia embarcada no DTV+, e o seu o impacto da convergência digital dentro das emissoras, estratégias de monetização e a experiência entregue para o espectador. Ana Eliza começou dizendo que “chegou o momento de fazer o fast foward da tecnologia” que será utilizada na DTV+ que inclui “um novo pacote de tecnologia” que entra no ar, com “desafios de convergência entre ambientes em toda a cadeia”. A executiva da Globo disse que estamos no fim de um marco temporal que “serviu para discutir a tecnologia”, assim, hoje temos informações sobre o que é camada física até a camada de aplicações, “nas quais todas as tecnologias estão colocadas e definidas”. São mais de 1000 páginas reunidas em 9 documentos que estão embalados no que será o novo decreto.
Ana Eliza explicou que o DTV+ será a porta de entrada das TVs conectadas, e tem “como objetivo de criação da marca ,a sensibilização do consumidor de forma prática e contundente, reunindo de forma proeminente os canais de TV aberta em um só lugar”. E, assim, em termos de aplicativos é necessário que o controle remoto seja usável. E o terceiro elemento é que a antena seja simples porque “as antenas existentes não funcionam”, e precisamos que a sua instalação seja “um processo de sintonia simplificado”.
A executiva da Globo disse que na DTV+ “há que programar a experiência para além da grade, por isso, é necessário a construção de uma nova infra de transmissão. Criar um modelo de operação eficiente, renovar os sistemas de compressão e transporte, e ampliação da virtualização”. E ainda chamou a atenção para as diferenças do padrão brasileiro com o ASTC 3.0 norte-americano.
O DTV+ passa a ter uma camada física com base no ATSC, mas com a incorporação de LDM, Mimo e IDTX. Por outro lado, na codificação de áudio, o Brasil usará o MPEG-H, e no vídeo o VVC (H-266), e no OTT o VVC, HEVC e H-264. Finalmente, o vídeo terá codificação LCEVC. (Veja o Quadro abaixo). Na camada de transporte e aplicações, o DTV+ terá Route e Dash, para sinalização e transporte. No padrão brasileiro, a camada de aplicação “e essencial, o receptor não consegue encontrar um canal se ele não tiver o middleware implementado”, isto é o DTV Play 3.0, que será “o layer de aplicação”.
A seguir, Leonardo Chaves falou da sua coordenação no GT de Camada de Aplicação, e como “a discussão pragmática no Grupo ajuda a criar soluções e debates” sobre como melhorar a estrutura e a plataforma. Ele disse que a TV 3.0 é a resposta do setor que vem sendo desafiado há alguns anos com mudança do cenário econômico e tecnológico, gerando impactos nas principais fontes de receita: conteúdo e publicidade, porque “temos mais concorrência de plataformas baseadas em Ads”.
O Executivo de Mídia na NTT Data disse que é fundamental “conhecer o publico”, assim “o DTV+ é a resposta do setor que se renova junto com seu ecossistema”, porque “mudou a usabilidade” e partimos para uma TV orientada a aplicativos que permite “harmonizar a experiência de usuário já acostumado com smartphones e smartvs” com “componentes de personalização para a TV Aberta”, mas que tenham “dentre as diversas inovações do sistema do DTV+ recursos nativos de Medidas de Audiência e Gestão de Privacidade de Dados” que respeitem os usuários.
Para Chaves, a arquitetura da camada e aplicação tem períodos de tempo como “ponto de entrada de um catálogo de aplicativos, que carrega as aplicações iniciais sinalizadas pelas emissoras”, no qual “o radiodifusor pode enriquecer a experiência do usuário com o Broadcast App e suas diferentes versões, customizando por contexto ou momento da programação”.
Chaves afirmou, ainda, que a privacidade e a medida de audiências são importantes na plataformas DTV+ que têm “aderência à LGPD. Isso concede transparência na relação que o radiodifusor busca estabelecer (quais dados, motivo de utilização). Dá uma facilidade de acesso aos consentimentos registrados (gestão centralizada para cada emissora), já que estes atributos do usuário são as principais alavancas da personalização (recomendações, conteúdo direcionado e ofertas adequadas ao perfil e contexto)”, tudo ofertado pelo radiodifusor aos usuários.
Outro tema importante foi a Mensuração de Audiência que permitirá a coleta e gestão de dados que são recursos disponíveis no middleware, facilitando a implementação da aplicação que padroniza o modelo de relatório e das variáveis coletadas (usuário, dispositivo, serviço, aplicação, eventos, …), além de garantir autenticidade através de assinatura para todos os radiodifusores.
O Coordenador do GT Camada de Aplicações da TV 3.0 da SET disse que o desafios é “aumentar a capacidade de monetização de conteúdo; construir uma visão holística da jornada do consumidor; melhorar o engajamento e retenção nas plataformas digitais e estruturar Negócios e Tecnologia rumo à TV 3.0”.
O professor disse que um dos desafios da TV 3.0 passa pela “mudança no ponto de entrada para consumo de conteúdo de TV que passa de canal da emissora para aplicativo da emissora”, e entregar ao espectador uma “experiência personalizada” com “perfis” com atributos básicos que passam pela criação de perfis, um guia de TV aberta e um guia de conteúdo de TV aberta, por exemplo, que estará “suportada por uma arquitetura de plataforma orientada a aplicativos”. Com um core “que vai permitir a inclusão de mais informação, e dará, por exemplo, lugar a TV Imersiva com a extensão de efeitos sensoriais, para que possamos junto ao que está sendo veiculado ativar os sentidos”.
Sobre os efeitos sensoriais, disse o professor que “podemos usar a linguagem NCL 4.0 (XML-based language)” trazendo “a possibilidade que o conteúdo seja acessado por diferentes componentes. Outra possibilidade seria a possibilidade de entregar cenas VR 360 “conectando os óculos de VR e assistir novos conteúdos”.
O professor falou ainda de “Companion Device”, que permite que o usuário possa utilizar outros devices para controlar a televisão sem a utilização do controle remoto. Outro destaque foi a personalização utilizando “Perfis do Telespectador” por “geolocalização” que possam incluir “conteúdo direcionado, inserção de anúncios, programação segmentada, e canais personalizados”.
Finalmente, ele falou de Acessibilidade e alertas de emergência oferecidos por meio de avatares, e da Fase 4 do projeto que passa por realizar a integração, ter a especificação da Suíte de Testes, um modelo de referência do gateway híbrido e demonstrações das funcionalidades com hardware e software. Além da “Internacionalização da TV 3.0”.
O painel fechou com Ana Eliza afirmando que a a Globo vai ter “uma estação piloto” para comemorar os seus 60 anos, e disse que “o SET EXPO 2025 será o lugar para lançar a estação experimental de TV 3.0”.
O SET Sudeste conta com os seguintes patrocinadores Ouro: Alliance, Canon, CIS Group, SES, SpeedCast e Sony. Ainda tem os apoios da NeoID e Teletronix, e o apoio institucional da Abert, Abratel, Astral, Globo, MidiaCom, Record e SBT.
Por Fernando Moura e Tito Liberato