SET Centro-Oeste: A tecnologia interagindo com a regulação

Manhã em Brasília começa com palestra que debate a TV 3.0, as mudanças tecnológicas e a assimetria regulatória do setor. 

A primeira palestra do SET Centro-Oeste, que se realiza na Capital Federal (DF), foi moderada por Carlos Fini, Presidente da SET; e teve a participação de Wilson Diniz Wellisch, Secretário da Secretaria de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações; Vinícius Caram, Superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel; Samir Nobre, Diretor-geral da Abratel; Gerson Inácio de Castro, Presidente da ASTRAL; e  Cristiano Flores, Diretor Geral da ABERT

Fini disse no início que a tecnologia passa por “ciclos tecnológicos cada vez mais curtos”, o que “leva a mais processos e ciclos mais rápidos”. Ele disse que o Fórum SBTVD trabalha o padrão, e disse, que, por exemplo, “no ATSC 3.0 se debate o espectro de 6 MHhz, e aqui temos uma tecnologia embarcada que trás características que misturam oportunidades como datacasting, serviço de georeferencia, coisas que não imaginávamos. Quando vamos para o broadband, a mistura é maior, por exemplo, as novidades em Inteligência Artificial (IA) e FAST Channels que ligam uma grande produção de conteúdo com inúmeras pessoas que recebem conteúdos”. O presidente da SET disse, ainda, que a maior oferta“gera um desarranjo da distribuição e da publicidade”.

Estamos em um momento “de disputa acirrada com o espectro, tanto no móvel como no 5G”, e que houve uma mudança na forma de entregar conteúdo, com os “OTTs/Apps de TV Paga que promoveram um desarranjo no share, e que agora avança para um aumento de valor e a entrada de anúncios, o que deixa o ecossistema parecido ao anterior da TV paga”.

Samir Nobre disse que a “TV 3.0 trará mudanças, mas que a TV deve continuar vigilante”. Por outro lado, comentou que a radiodifusão dever ser igualada às plataformas e haver regras claras “para equiparar o jogo”. Por outro lado, o setor público tem de entender que as Big Tech são “empresas de mídia que concorrem com a radiodifusão. As empresas de comunicação recebem verba institucional por isso, devem ter responsabilidades quando colocam publicidade enganosa. Precisamos que o governo reconheça estas plataformascomo meios de comunicação”

Cristiano Flores falou de transformação digital e disse “que a inovação está atrelada ao avanço tecnológico e a três pilares”, por isso, temos de ter referência com a inovação que é agnóstica, o impacto que ela traz para a sociedade e nisso“precisamos entender os pactos que eles provocam, como, por exemplo, o que vai passar com a utilização da Inteligência Artificial”.  O terceiro pilar é “o impacto que essas tecnologias trazem ao mercado atual. Quando falamos em economia digital o debate passa pelo espaço que a radiodifusão tem nessa mudança. Temos de ter capacidade de investimento de um lado, segurança na tomada de decisão (por exemplo, migração da AM para FM). Hoje, damos o salto com a TV 3.0, colocando a TV massiva com a internet, que é a entrega personalizada da TV e que nos permite chegar novamente na classe A, B e C”.

Para ele, a transformação tecnológica é “visceral”, por isso, precisamos “estar em todas as plataformas levando informação, entretenimento e educação”.

O Presidente da ASTRAL, Gerson Inácio de Castro, disse “que as TV das Câmaras Legislativas são manifestações da democracia”. Para ele, a TV 3.0 é “um salto tecnológico, um mergulho”, porque ainda temos lugares que vivem desafios diferentes que passam pela digitalização. O desafio da TV 3.0 para a Astral passa, explicou, por enfrentar dilemas de “percepção por parte da população”,que garanta “maior interatividade e dedaràs TVs públicas maior notoriedade”, com “uma TV mais plural e que permita o acesso a populações que vivem como há 30 anos. Nosso grande desafio, junto com a Rede Legislativa, é que queremos somar forças e esforços para ter uma TV mais com a cara da nossa gente e assim enfrentar a desinformação”.

Vinícius Caram, Superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, disse que “Anatel trabalha com falha de mercado, espectro, e demais, com avanços tecnológicos muito rápidos. Já vemos o DirecttoDevice, que ainda não tem a regulação”. O executivo disse que “as tecnologias estão cada vez mais convergentes”, e que no setor de radiodifusão “temos uma falha, porque temos agentes que não são regulados, existe uma falha com respeito a essas plataformas”, pelo que “temos de agir e regular”. Outro tema abordado por Caramfoi se vamos ter equipamentos em escala “que possam ser certificados e homologados”.

O Secretário da Secretaria de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Diniz Wellisch, disse que o desafio passa pela curva exponencial da tecnologia. Por exemplo, a TVRO gerou uma nova forma de distribuição, e agora os canais FAST estão mudando o mercado, “são canais, mas que têm diferenças na forma de distribuição”, um desafio que, desde a sua perspectiva, não começa no Ministério, mas sim no legislativo. “É um trabalho de várias mãos, por isso nem sempre podemos imprimir o ritmo que desejamos. Este não é um desafio nosso, mas um desafio mundial com os canais FAST”, o que desde o seu ponto de vista, “nos coloca no mesmo lugar de análises”.

Wellisch disse que “o Ministério das Comunicações está atento às mudanças que são impostas pelas novas tecnologias, que passam por retirar regras na medida do possível. Não podemos ser super regulamentados, mas precisamos mudar, por isso temos buscado a regularização das condutas do setor de radiodifusão”. E afirmou que é necessário “dar celeridade para o setor” para que o “mercado se auto-ajuste”.

Para o Secretario “a TV 3.0 é parte da evolução do modelo”, e “pensamos na implementação da tecnologia”, pelo que “o trabalho está apenas começando”, mesmo que “queremos ter definido o padrão da TV 3.0 até dezembro de 2024”.

As edições do SET Regionais levam informações e debates às principais cidades do País. Os eventos, com foco no setor de broadcast, mídia e entretenimento, serão grandes oportunidades para se destacar as questões e demandas locais nessas áreas.

O SET Centro-Oeste tem o patrocínio de Alliance, Canon, CIS Group, Convergint, SES, Sony, SpeedCast, Pinnacle/Blackmagic, Embratel e Youcast. Ainda conta com o apoio de Propaga Consultoria, Teletronix, Delta Provideo e SM Facilities

Serviço:

Onde: Brasília – DF
Local: Royal Tulip Brasília Alvorada
SHTN Trecho 1 Conj. 1B Bloco C – Asa Norte

Por Fernando Moura e Tito Liberato