Pós IBC 2024: Evento da SET tem casa cheia

A SET realizou nesta segunda-feira, 7 de outubro, um encontro presencial na capital paulista para debater os  highlights do último IBC realizado na capital dos Países Baixos em setembro último.

O Pós IBC 2024 reuniu, em São Paulo, várias dezenas de executivos do ecossistema audiovisual brasileiro para analisar e debater as principais inovações apresentadas no IBC 2024, que se realizou de 13 a 16 de setembro último em Amsterdã. Os debates tentaram dar ao público os insights das tecnologias e soluções e como estas podem ser importantes para o ecossistema de mídia brasileiro e desta forma reverberar no dia a dia das produções audiovisuais.

A abertura do evento esteve a cargo de Carlos Fini, presidente da SET, que de forma remota abriu as conversações afirmando que “a SET está retomando a seus origens. Estamos cumprindo uma das missões raízes da SET que era debater o que se passava nos eventos internacionais”. Fini disse que “fica feliz em que alguns direcionamentos que se fizeram lá são parecidos com os que estamos fazendo aqui. O IBC superou em 8% de visitações em 2023. Há um tempo pensamos que os eventos presenciais  iam acabar, mas este IBC mostrou que os eventos presenciais são importantes” e reforçou o aumento de visitação do SET EXPO que chegou aos 21 mil. Ele disse, ainda,  que uma novidade de lá foram as “Arenas livres, como as que tivemos no SET EXPO”.

Em termos de assuntos relevantes, Fini se disse impressionado com “a maturidade de algumas coisas, como os investimentos em tecnologias que são investimentos moderados”, e ressaltou “a busca de eficiência das grandes empresas”. Ele comentou a plateia que um dos destaques da feira europeia foi perceber a maturidade do IA, do Cloud “com muita ética, com muito respeito ao ser humano, já que nada é direito o que demonstra a maturidade do ecossistema de mídia”.

Tendências

O primeiro painel analisou “as tendências e reflexões que o IBC trouxe para os negócios do mercado audiovisual”, e teve a participação de Carlos Fini, Presidente da SET; Fernando Ferreira, CEO da 3F Consultoria e Comunicações; Rodrigo Martinez, Vice Presidente da Rede CNT; e online Tawfic Awwad Junior, Diretor do Departamento de Inovação, Regulamentação e Fiscalização do Ministério das Comunicações. O painel foi moderado por Roberto Dias Lima Franco, Conselheiro da SET.

Franco começou o painel falando da pesquisa da Devoncroft apresentada em Amsterdã antes do início do IBC, que falou como as indústrias se vão transformando para “indústrias de serviços” e como “os IP content and delivery são os principais em termos de compra de tecnologia”. O conselheiro da SET disse que “estamos em um momento onde o IP networking é a principal tendência, com o crescimento da inteligência artificial e o machine learning com operação automatizada”. Finalmente, Franco afirmou que o mercado de mídia vai voltar a crescer, ao que Fernando Ferreira disse “que não há que ser pessimista, e que a mídia linear deve sair da sua figura convencional para buscar alternativas em outros lugares, como por exemplo, as mídias sociais”.

Outro ponto forte, disse Franco, foi como “evitar que o mercado europeu se veja livre da invasão das Big Tech, cuidando da produção de conteúdo local, com processos de taxar as empresas de conteúdo globais para assim cuidar do conteúdo regional da Europa”, tentando “ter simetria econômica contra as empresas globais”.

Nesse contexto, Rodrigo Martinez, Vice Presidente da Rede CNT, disse que os grandes grupos de televisão aberta no mundo estão fazendo parceiras com as plataformas de streaming, e que “esse dinheiro poderá ir-se a buscar. Precisamos virar a chave para poder ir a buscar a publicidade que existe no digital”.

O representante do Ministério das Comunicações, Tawfic Awwad Junior, que participou remotamente desde os escritórios de Brasília, disse que “o IBC mostrou que as novas tecnologias podem ajudar as empresas a ter novas receitas” e, além disso, gerar uma redução de custo. Ainda reforçou a ideia de mobilidade e de regulação, e afirmou que “observamos uma diferença gritante do setor de radiodifusão e do streaming, por isso, temos de deixar o sistema de radiodifusão em complaince. Para isso, precisamos regular sem atrapalhar ainda mais o setor. Estamos atentos a regular sem deixar o setor ainda mais regulado”. Nesse sentido, Martinez disse que “está confiante em saber que o Ministério está pensando em regular sabendo como sistema funciona e acompanhando o estágio de tecnologia”.

Pela sua parte, Fernando Ferreira destacou que no IBC “viu soluções que ainda nem pensamos, que parece que não existem”, isso porque uma das características interessantes foi a “busca de inovação tecnológica como forma de atender o público na perda do digital”, e como a “CBS Sports fazendo parcerias com a Netflix para ter um acordo de produção da NFL”. Ele ainda destacou a inovação e automação “para redução de custos na operação” o que pode ter impactos relevantes na produção.

Por outro lado, Ferreira disse que há que “ter cuidado com novas parcerias, pois podem representar imediata redução, mas trazem dependência e custos mais elevados ao longo prazo”. Nesse ponto, no custo de distribuição, Martinez disse que “a radiodifusão está partindo para uma coisa que há alguns anos atrás se pensava ser impossível, por isso, na distribuição terrestre pode ser feita por compartilhamento”, para viabilizar e tornar possível. Ele ainda destacou, “qual o limite do uso da inteligência artificial em termos comerciais”, com “uma preocupação real pelos assets”, comentou Franco. “A ética é muito relativa segundo os interlocutores, por isso, os valores éticos devem ser revistos”.

Ferreira, ainda, comentou que as grandes empresas de mídia “visam otimizar a entrega em várias plataformas, da TV linear e em dispositivos digitais com foco em conteúdo personalizado aos consumidores”, uma situação que “estamos pensando para a TV 3.0”.

Neste ponto, Martinez, disse que “temos que juntar as plataformas e quem ficar fora da junção das plataformas vai ficar fora do sistema”, por isso, “é necessário adaptar-se”, o que Ferreira reforçou afirmando que “mais do que nunca a necessidade de adaptação ao novo modelo, com associações, essa forma de operar pensando em determinados públicos”.

No fim, a partir de uma pergunta de Fernando Bittencourt, se debateu o futuro do 5G Broadcast na Europa e como eles estão trabalhando a nova geração de TV.

Por Fernando Moura, em São Paulo