Globo realiza demonstração inédita da TV 3.0 nas Olimpíadas

Durante a transmissão dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, emissora monta line-up completo (desde a transmissão até a recepção e o uso) de sinal de TV 3.0 em 4K.  Ação foi desenvolvida em conjunto com parceiros e apresentou algumas das experiências que estarão disponíveis ao público com a TV do futuro. A Revista da SET participou da demonstração e trás em primeira mão alguns dos destaques do protótipo.

No centro de controle de sinais da Globo, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde a emissora, em conjunto com parceiros, está realizando de forma inédita durante os Jogos Olímpicos Paris 2024 demonstrações tecnológicas para o público interno e convidados focadas no desenvolvimento da TV 3.0.

Para realizar a “TV 3.0 Olimpíadas 2024”, a Globo montou todo o lineup de transmissão, distribuição e recepção de um sinal em 4K HDR e outro em HD HDR, ambos com áudio imersivo personalizável (MPEG-H), para demonstrar as qualidades e funcionalidades da tecnologia que está sendo desenvolvida no país visando o novo padrão de televisão. Para a transmissão, ainda, foram utilizadas tecnologias como  MPEG-5 (LCEVC), DASH, IMSC1, ROUTE e VVC.

A Revista da SET participou da demonstração nesta segunda-feira (5). No centro de controle de sinais da Globo, Carlos Cosme, especialista em inovação no grupo de Telecom do Hub de Infraestrutura e Segurança da Globo e Carolina Duca, gerente Sr de Tecnologia da Globo, explicaram o funcionamento do workflow completo de TV 3.0, os protótipos e experiências que poderão fazer parte deste novo padrão da TV aberta. As inovações envolvem interatividade, personalização, qualidade de imagem e som imersivos, hipersegmentação de conteúdo, além de novas oportunidades de negócios e ofertas para o mercado publicitário.

Carolina Duca disse à reportagem que a tecnologia utilizada no que pode ser o novo padrão de TV no país “é mais maneável”, e permite, por exemplo utiliza a tecnologia TxID na transmissão. Ela disse que na TV 3.0 “não usamos mais apenas um protocolo de transmissão, usamos DASH que é mais fácil de usar e nós permite ser mais versáteis”, já que, explicou, “agora poderemos ter segmentação por Geolocalização, mas também por target. Uma emissora poderá dentro da sua área segmentar e enviar diferentes sinais para públicos segmentados por Target, por exemplo, no break, publicitário”.

Para receber o sinal over-the-air, a Globo instalou uma antena Mimo desenvolvida pela Universidade Mackenzie na sala e realizou atualizações de firmware em três set-top-boxes (STBs) para que possam receber o sinal. “Procuramos fomentar toda a cadeia produtiva por isso as atualizações de software nos STBs para que as placas possam adaptar-se a recepção do sinal de TV 3.0”.

Raymundo Barros, diretor de estratégia e tecnologia da Globo, disse que “Ao mesmo tempo que mantém seus atributos históricos de alcance massivo, capilaridade e amplo alcance e penetração nacional, levando à população ofertas gratuitas de conteúdo, a TV 3.0 vai estreitar ainda mais a relação dos radiodifusores com os seus consumidores. A integração entre a internet e a TV se dará de maneira fluida. A experiência de consumo passa a ser logada, permitindo maior personalização, interatividade e sistemas de recomendação de conteúdo, como já acontece no digital. Isso aumenta o poder de escolha do usuário, que passa a ter uma experiência mais próxima daquilo que gosta e deseja”.

Isso, porque se as normas técnicas apresentadas pelo Fórum SBTVD ao Ministério das Comunicações forem aprovadas, a TV 3.0 elimina definitivamente as barreiras entre a TV e a internet, integrando a audiência em um novo ambiente onde será possível entregar nos canais abertos todos os recursos típicos do universo digital, como ofertas de conteúdo de vídeo on demand interligadas à experiência ao vivo; publicidade totalmente integrada e contextualizada ao perfil do consumidor; integração broadcast com broadband; e hipersegmentação geográfica, com breaks personalizados entendendo os microcosmos regionais para distribuições comerciais dentro de uma mesma grade de programação.

Carolina explicou, ainda, que com esta nova forma de transmissão e recepção, a emissora poderá direcionar “a jornada de consumo. A nossa ideia é que o usuário não saia do APP da emissora, e que ele tenha uma experiência transparente, única com conteúdos broadcast ou broadband”.

Durante a demonstração Cosme e Duca apresentaram perfis de usuários, sugestões de entrega de vídeo ao vivo ou on demand, sempre com um sinal recebido por ar em 4K HDR. “Hoje estamos transmitindo em 4K HDR, quem sabe, no futuro possamos ter um sinal 8K over-the-air”, disse Cosme, e agregou que muito vai depender da “codificação de sinais” e a largura de banda necessária para a transmissão.

As demonstrações na Globo foram possíveis pela parceria da emissora com a Ateme, MainConcept, Fraunhofer IIS, V-Nova, LG, Enensys, Jiuzhou, Hisense, Mediatek, Salsa, Sapec, Realtek, Intel, Spin Digital, Samsung, Mediathand, Tolka, Amlogic e Pebble, destaque para a Mirakulo, única desenvolvedora brasileira e a integradora paulista, Videodata. Em paralelo, a Globo realizou uma demonstração de recepção de sinais de TV 2.5.

Por Fernando Moura, no Rio de Janeiro