
Conselho de Comunicação Social debate sistema de TV aberta orientado a aplicativos
CSS cobra mais inclusão e privacidade para nova televisão digital
Audiência pública do Conselho de Comunicação Social (CCS) do Congresso Nacional sobre o novo padrão da TV digital. A TV 3.0 ou DTV+ deve começar a ser implantada no país a partir do ano que vem. O sistema promete melhor qualidade de imagem e som, interatividade e personalização do conteúdo na TV aberta. Participam do debate representantes do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD).

Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Participaram da Audiência, Sergio Santoro, Coordenador do Módulo de Mercado do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD)/GT TV 3.0 da SET; Ana Eliza Faria, Coordenadora do Grupo de Trabalho de Migração do SET e participante do Fórum SBTVD; Marcelo Moreno, Coordenador do Grupo de Trabalho de Codificação de Aplicações do Fórum SBTVD; e Paulo Alcoforado, Diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine).
O primeiro a falar foi Santoro quem começou apresentando o DTV+, mais a frente falou do impacto no emprego e PIB gerado pelo mercado audiovisual. Assim, ele avançou para explicar a audiência na TV linear e como ela chega até 81% do share de audiência nacional, sendo mais de 71% da TV aberta.
No Senado, Santoro disse que “o atual padrão de TV não consegue competir. É necessário um novo padrão”, para dessa maneira “evoluir com o modelo de negócio da TV aberta”. Outro ponto importante do novo padrão será a “segmentação do conteúdo de acordo com a localização geográfica do espectador, mas também segmentação de publicidade de acordo com o perfil do espectador utilizando “Dynanic Advertisement Substitution”, e uma nova forma de acessibilidade, e alertas de emergências como maior granularidade.
- Foto: Reprodução
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Santoro explicou que a TV 3.0 é uma evolução necessária, ponto que Ana Eliza reforçou e disse que é importante referir que o ecossistema da TV 3.0 possa avançar, para isso, ela explicou o mapa das tecnologias utilizadas e disse que muitas das tecnologias da camada de codifição, transporte e aplicações foi desenvolvida na Brasil
A proposta de valor da TV 3.0 é “a convergência que permita uma experiência unificada” e destacou que a TV hoje luta por ser relevante nos aparelhos de TV, nas smartTvs, por isso “é importante da proeminência a TV aberta” para que o espectador posso saber onde esta a TV aberta. “Necessitamos que o espectador reconheça a TV aberta no aparelho e assim, pelo menos na transição se utilize um botão de acesso direto a TV aberto, que leve ao ambiente porque não acessaremos mais aos canais mas sim aos aplicativos”.
Ana Eliza reforçou que “a navegação e acesso devem ser simplificadas”, e disse que “precisamos dos primeiros projetos pilotos” para assim concretizar o projeto. “Trabalhamos em duas estações experimentais”, uma em Brasília para ser lançada em 2026 e outra em 2025 em São Paulo, estações experimentais para desenvolvimento de produto que “ficarão mais tarde para as emissoras públicas”.
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O prof. Marcelo Moreno disse na sua alocução que “a convergência será fundamental para ter uma integração integra entre o broadcast e o broadband”, e que a “personalização é fundamental para os telespectadores, mais uma personalização com segurança para os usuários”.
Moreno disse que a camada de transporte será muito importante no projeto “porque ela será a responsável da integração com o broadband”, e que a TV 3.0 vai permitir a convergência com o IP permitindo a sincronização da transmissão OTA (Over-The-Air) e OTT (Over-The-Top). “Estamos frente a uma mudança de paradigma porque avançamos para uma TV orientada para aplicativos”, explicou, e disse que essa orientação para aplicativos serão fundamental para ter um usuário logado, uma experiência personalizada e logada.
Ele ainda falou da aplicação e a privacidade e como será feito o processo para que o “espectador tenha certeza que o processo é seguro”.
Finalmente, o Diretor da Ancine disse que é necessário avançar para entregar funcionalidades da TV 3.0 nos lugares onde à rede de banda larga não chegou ou não é suficiente. Ele disse que “a que melhorar a competitividade, e trabalhar no mercado de conteúdo”, para poder entregar uma melhor regulação da TV aberta. Segundo Paulo Alcoforado “precisamos definir como será o processamento de novos negócios. As emissoras serão colocadas ante um novo negócio com publicidade dirigida que permita recuperar um pouco a competitividade”.
Alcoforado disse que a TV chega a este momento “em uma posição em desvantagem, e assim a oportunidade vai em ver como as emissoras criaram valências de analises de dados e melhoria de negócio” e que “a oportunidade pode implicar um aumento da concorrência das plataformas globais”.
No final da Audiência houve uma demonstração das funcionalidades do DTV+. Moreno fez uma demonstração e disse que na TV 3.0 o “zappiamento com acesso direto está garantido”, e comentou que há que pensar em uma jornada de aplicação ao aplicativos que permita uma navegação simples, e um processo de configuração amigável e claro, gerado por “UX e design thinking realizados durante a pesquisa”.

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Na hora das perguntas dos conselheiros do CCS, Valderez Donzelli, representante da SET disse que a TV 3.0 é um salto importante para a radiodifusão. O presidente do CCS, Miguel Matos, disse temer que pessoas menos habituadas ao ambiente digital acabem excluídas do processo. “Esses mecanismos são difíceis para quem não nasceu nesta geração. Tudo aí já me pareceu difícil”, afirmou, após assistir à demonstração de um projeto piloto da DTV+.
Para o conselheiro João Camilo Júnior, representante das empresas de televisão, o novo sistema deveria assegurar a “proeminência” do serviço de televisão aberta. Ele defendeu que o controle remoto dos futuros aparelhos tenha um botão específico de acesso ao serviço. “O acesso precisa ser facilitado para que nossa tia, nossa mãe ou nosso avô use o controle e acesse a programação de forma simples” recomendou.
Por Fernando Moura com Agência Câmara de Notícias, em São Paulo