“Café com SOR”: O papel da SET é aproximar o setor

Evento híbrido e promovido pela Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação (SOR) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que debateu a próxima geração de TV 3.0e a importância do rádio nas comunicações, teve a participação de Carlos Fini, presidente da SET.

Presidente da SET, Carlos Fini fala no “Café com SOR” /Foto: Luana Bravo

A Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação (SOR) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou, na sede da Agência em Brasília, na última sexta-feira, 23 de junho, o “Café com SOR”. O debate foi acompanhado presencialmente no auditório Nelson Mitsuo Takayana, e de forma virtual via plataforma VOIP. O evento foi organizado por Vinícius Caram, Superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, que afirmou na abertura que o “Café com SOR” surgiu da integração de várias superintendências da Anatel para tratar de temas conjuntos, que mais tarde se abriu para a população e a radiodifusão.

Caram disse na sede da Anatel que, como tinha afirmado um dia antes, na quinta-feira, 22, no SET Centro-Oeste, que “é preciso parar tudo, e trabalhar para um modelo sustentável para a radiodifusão com modelos de monetização, remuneração de conteúdo, direito de acordos privados com Big Techs; conteúdo local com novos modelos de mídia”. Para o Superintendente é preciso atrair o novo consumidor para, desta forma, dar oportunidade à radiodifusão de ser competitiva, e esta forma passa por estabelecer “um novo modelo de publicidade para a TV conectada” e “finalizar a migração de AM para FM e assim, permitir a vinda da TV 3.0”.

TV 3.0

Foto: Luana Bravo

O tema principal do encontro foi a TV 3.0, para isso foi formada uma mesa redonda que debateu a radiodifusão brasileira. Participaram do debate o presidente da SET, Carlos Fini; o secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Diniz; o diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flôres; o diretor geral da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), Samir Nobre, e Vinicius Caram da Anatel. No fim, Carlos Baigorri, presidente na Anatel falou ao público presente.

Carlos Fini, presidente da SET, disse no “Café com SOR” que “a SET promove discussões e aproxima o setor. Hoje temos pessoas das plataformas digitais que fazem parte do ecossistema. A SET é discussão de tecnologia 24 horas por dia, por isso, o papel tem sido acompanhar o que tem acontecido no mundo, e assim trazer para o Brasil e propor novas tecnologias. Estamos migrando no mundo para a TV híbrida, e temos esse primeiro papel de trazer tecnologia no tempo e na hora que for necessário. Ainda participamos do Fórum e oferecemos informações e assessoramos os órgãos. A SET espera trabalhar nos grupos de trabalho, e sabemos que na ATSC o problema foi a canalização, trouxe trabalho e morosidade”, por isso, no caso brasileiro, disse Fini, precisamos melhorar essa parte.

Fini explicou que o mais antigo Grupo de Trabalho da SET é o Grupo de canalização, e que este hoje se denomina “Grupo de espectro, um grupo que faz a interfase entre os reguladores e empresas. Nossa missão principal é promover as novas tecnologias, por isso temos de ver como dar conhecimento a todos os profissionais. As Techs têm a missão de levar a todos os profissionais todas as discussões de tecnologias e padrões. Na hora que saímos da regulamentação, e vamos para a prática, é importante que o pessoal esteja sabendo o que deve implementar. Precisamos propagar essas decisões para os que estão do outro lado. Essa missão é a de disseminar informação tanto de padronização, como a de divulgação que prepare os profissionais para a implantação”.

Wilson Diniz disse que a TV 3.0 é o evento disruptivo da radiodifusão, já que “haverá uma melhoraria do modelo de negócio da radiodifusão”. Ele fez um levantamentos dos normativos publicados pelo MCom desde o inicio do ano, destacando a “responsividade”. Em termos de TV 3.0, explicou que “está trazendo um novo salto de qualidade para TV”, mas o destaque está no novo modelo de negócio que será possível pela “integração entre conteúdo transmitido pelo serviço de radiodifusão e pela internet”.

Ele afirmou que os próximos passos da TV 3.0 passam pelo prazo para a conclusão de estudos, que está definido para 31 de dezembro de 2024, ao mesmo tempo, que a “Anatel deverá promover estudos sobre a canalização de TV 3.0. Sabemos que é um desafio, mas estamos confiantes”. Outro ponto destacado será a apresentação dos requisitos técnicos para receptores que permitirão a adaptação da tecnologia de televisão digital atual para a TV 3.0 (Conversores). Ainda afirmou que o desafio da UHF alta “é como avançar para o simulcast, e continuar com o canal de 6 Mega”.

O diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flores, disse que “estamos em um momento oportuno”, porque há harmonia entre as entidades e os órgãos reguladores. Flores disse que “o rádio e a televisão construíram uma forma de comunicar. Elas levam um entretenimento diferencial, e, por tal, ele é um ativo, e para isso, deve ter condições”.  Ele reforçou que a TV linear continua relevante e que há uma “convergência tecnológica que faz com que estejamos em todas as plataformas. A TV 3.0 vem no momento certo porque atende ao publico que quer assistir TV aberta e quem quer assistir TV conectada pela internet”.

Flores afirmou, ainda, que a oportunidade é aderente ao momento, porque une os mundos, da “TV aberta e a TV conectada, que é o grande device de consumo. A TV 3.0 é aderente ao hábito de consumo de sociedade brasileira”, na qual o consumo da TV linear ainda é relevante. “Em um mês 91% da população brasileira é impactada pela TV linear. Precisamos impactar o Brasil moderno, mas também o Brasil pobre; porque desde a pandemia a confiança da população brasileira na TV e rádio cresceu”. Ele finalizou com o aumento do consumo do rádio e a necessidade de que sejam lançados produtos com faixa estendida para que a população possa captar as novas FMs.

Finalmente, o diretor geral da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), Samir Nobre, afirmou que as entidades “são facilitadoras do processo, não só dos poderes públicos, mas sim para levar as informações no interior, onde levamos uma posição de consenso para os órgãos públicos. Essa força faz que o Brasil esteja na vanguarda desse processo”.

Carlos Baigorri disse no evento que “o setor pode contar com a Anatel”, por estar “obcecado com a competência, a concorrência e o interesse público”.

Importância do rádio no Brasil

Eduardo Cappia (SET/AESP) / Foto: Luana Bravo

Eduardo Cappia, coordenador do GT de Rádio da SET e membro da AESP, afirmou no “Café com SOR”que entende que a importância do rádio passa por ela estar sempre presente. O rádio, disse, “é essencial como serviço publico. É uma comunicação de massa ampla e gratuita, com utilidade publica e avisos de emergência”.

Para Cappia é essencial a permanência do serviço por ter, ainda, uma “importância psicológica e comportamental, terapêutico para os ouvintes”. Hoje, explicou o coordenador do GT de rádio da SET, “81% da população brasileira ouve rádio”, motivo pelo qual  “a permanência do formato” é essencial para o futuro do meio de comunicação.

Cappia afirmou que ao longo da sua extensa trajetória observou uma evolução nas normas que ajudaram na cobertura e audiência, e que isso permitiu que o rádio avançasse para o mundo digital. Finalmente, reforçou que a migração avança, e que as rádios em faixa estendida estão crescendo, mesmo com a falta de receptores.

Por Fernando Moura