Sistema de TV de Ultra-Alta definição
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Visão Geral No Brasil, onde o desligamento total da TV analógica está previsto para 2016, por enquanto, pouquíssimas localidades desfrutam dessa nova tecnologia, estimando-se o número de usuários que já possui conversores em cerca de 1%. O Japão, por sua vez, programou seu switch- off analógico para julho de 2011, mas já está investindo em pesados estudos num sistema substituto para a atual tecnologia de televisão digital. A televisão estatal japonesa NHK (Nippon Hoso Kyokai – Japan Broadcasting Corporation) vem pesquisando desde 1995 nos seus Laboratórios de Pesquisa Científica e Tecnológica (NHK Science and Technical Research Laboratories), um sistema de televisão de Ultra-Alta Definição que será o sucessor do atual HDTV. O UHDTV (Ultra High Definition TeleVision), que tem como base o SHV (Super Hi-Vision), envolve uma tecnologia que revoluciona totalmente os atuais conceitos de câmeras de TV, sistemas de áudio e projetores de imagens e sistemas de transmissão de sinais via satélite na banda de 21 GHz, faixa até então nunca utilizada. A primeira transmissão No mês de abril de 2006, o sistema foi apresentado na NAB (Las Vegas). Em setembro de 2006, durante o congresso do IBC (International Broadcasting Convention) em Amsterdam-Holanda, aconteceu a primeira exibição do SHV na Europa, numa demonstração que contou com a participação de várias empresas japonesas sob o comando da NHK. Nesse evento, o que se podia ver num grande teatro especialmente preparado, com capacidade para 400 pessoas, era uma imensa tela de projeção de 600 polegadas diagonais (aproximadamente 9 metros x 6 metros), com relação de aspecto de 16:9 que impressionou pelo elevado número de linhas de varredura (4000) e pela altíssima qualidade da imagem exibida, com resolução de 33 milhões de pixels (7.680 x 4.320) e um ângulo de visão horizontal de 100 graus (figura-1). A qualidade da imagem era tamanha que, mesmo muito próximas da tela, as pessoas não podiam perceber as linhas de varredura. E o som, ….. um sistema de 22.2 multicanais! Tanto que, no fim da feira, dois números ecoavam nos ouvidos dos participantes: 16 vezes a resolução do HDTV e som de 22.2 multicanais. Apenas para termos uma noção do que isso representa, a resolução de um sistema de HDTV atual é de 2 milhões de pixels no padrão de 1.920 x 1.080 e a da TV analógica normal é de 200 mil pixels. A resolução do UHDTV é então, 16 vezes maior que a do HDTV. A relação de quadro de 60 Hz com varredura progressiva produz uma imagem com 4.000 linhas de varredura, impossível de serem notadas visualmente.
Em 2007, quatro laboratórios europeus e japoneses especializados em mídia de radiodifusão se agruparam numa associação que recebeu o nome de Broadcast Technology Futures (BTF), com a finalidade principal de pesquisar e desenvolver novas tecnologias para serem aplicadas às mídias futuras. Esse grupo é assistido pelo departamento técnico da EBU (European Broadcast Union) e dele fazem parte NHK STRL (Nippon Hoso Kyokai Science & Technology Research Laboratories) – Tókio-Japão; BBC R&I (British Broadcasting Corporation Research & Innovation) – Londres-Inglaterra; IRT (Institut für Rundfunktechnik) –Munique-Alemanha e RAI CRIT (Radio Televisione Italiana Centro Ricerche e Innovazione Tecnologica) – Turim-Itália No princípio do ano de 2008, foram iniciados pelo grupo BTF com o suporte da EBU, os mais importantes testes e experimentos da área do UHDTV, contando também com a participação das empresas Eutelsat, Siemens, Cable & Wireless e SIS. Na tabela, apresentamos a discriminação dos experimentos realizados. Esses testes foram finalizados em setembro desse mesmo ano com a maior demonstração já feita numa transmissão internacional de uma programação em SHV, durante o IBC em Amsterdã. O formato de imagem adotado pelo SHV se tornou padrão SMPTE em outubro de 2007 e o som 22.2 multicanais em agosto de 2008. Diagrama geral de um sistema de TV em ultra-alta definição Na figura-4, podemos observar o diagrama básico representativo de um sistema de UHDTV, desde a produção até o lado do usuário. Por se tratar de um sistema em desenvolvimento, tem sofrido algumas variações no decorrer do tempo, mas nos dá uma boa noção do nível da tecnologia envolvida. A partir de 2006, a demonstração do SHV vem ocorrendo em todas as edições da NAB (Las Vegas) e do IBC (Amsterdã), sendo que a cada ano uma inovação tecnológica é acrescentada ao sistema que, diga-se de passagem, já é todo especial. Uma grande variedade de equipamentos para uso exclusivo no sistema foi desenvolvida e vem sendo aperfeiçoada mês a mês, incluindo câmeras de vídeo, displays, projetores, discos rígidos, gravadores, sistemas de som, sistemas de transmissão ótica com a tecnologia DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing), sistema de codificação baseado em MPEG-2 para distribuição de programas, utilizando rede IP, transmissão experimental via satélite, utilizando a banda de 21 GHz e conversores de formatos para varredura de 2.160 linhas e HDTV, tudo isso tendo sido projetado (para não dizer re-inventado) especialmente para o SHV. A NHK aponta como principais aplicações imediatas para o Sistema de TV de Ultra- Alta Definição o uso médico, segurança, monitoração, transmissão ao vivo de locais distantes via fibra ótica, exibições a públicos, entre outras. Para os consumidores domésticos, os cientistas da NHK dizem que não se deve esperar que o sistema esteja disponível para antes de 2025. *Alberto é supervisor de Projetos da TV Cultura de São Paulo Vice-diretor editorial da SET diretor da Adeseda-Consultoria, Projetos e Instalações (adeseda@uol.com.br) Referências: 1) Y. Shishikui, Y. fujita and K. Kubota: “Super hi-vision – the star of the show!” – eBU Technical review – January 2009; |
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Revista da SET – ed. 108 |