Alerta de emergência
O sistema de suporte para situações de risco é complexo e demanda uma ação síncrona de entidades de detecção de emergências e uma abrangente rede para a transmissão dessas informações. Para cumprir o papel de agende de transmissão dessas informações todos os meios de acesso ao indivíduo são válidos. Nesse contexto, as redes de radiodifusão por seu alcance, suas características de transmissão (de um para muitos) e seu não congestionamento são os meios ideais para uma comunicação em massa em momentos de perigo iminente. O sistema de mitigação de desastres é composto pelo sensoriamento e coleta de informações dispersas e localizadas, a filtragem e verificação dessas informações e sua difusão para o público em geral. A radiodifusão digital cumpre seu papel de disseminação atuando nessa última parte da cadeia tirando vantagem do grande número de aparelhos de televisão e sua ampla distribuição pelo território nacional. Cenário Mundial No âmbito da UIT o tema do alerta de emergência de radiodifusão é tratado no contexto das ferramentas de Public protection and disaster reflief. A UIT, através da resolução RA-55, orienta os diversos grupos de estudos da UIT-R a desenvolverem ferramentas de alerta. O tema também foi considerado relevante e inserido na agenda da próxima conferência mundial WRC2015. Na Ásia, o tema já tem bastante maturidade. A ABU, Asian Broadcast Union, a bastante tempo já prevê transmissão de alertas através da radiodifusão analógica. Lá, os regulamentos e especificações técnicas vêm sendo aperfeiçoados e melhorados com a tecnologia digital. Em especial, a própria concepção do sistema ISDB-T no Japão levou em conta as ferramentas EWBS, ou seja, Emergency Warning Broadcast System. No que diz respeito à padronização para a América Latina, a especificação de ferramentas para uso na TV digital avança a passos largos. Em recente reunião no Equador o Fórum ISDB-T Internacional ratificou a proposta de guia de operação, a qual conta também com o apoio do Fórum Brasileiro de TV Digital. Passo-a-Passo da Operação do Sistema 1- Flag de Emergência O TMCC é composto de 102 bits de sinalização no qual o sétimo bit é um flag dedicado a iniciar um alerta e colocar o receptor em modo de emergência. O fato do flag de alerta estar em portadoras específicas permite o desenvolvimento de técnicas próprias para sua detecção em modo de espera. 2- Código de Área A sintaxe desse descritor inclui um campo denominado “area code” o qual corresponde a uma área geográfica. A configuração dessas áreas nos receptores é objeto de estudo pelo Fórum SBTVD enquanto que a subdivisão do país em microrregiões deve seguir a orientação das autoridades encarregadas do sensoriamento e estar adequada ao sistema de monitoração nacional. A informação de localização é fundamental para a implementação de ferramentas automáticas de acionamento do receptor. 3- Texto Os receptores De fato, o acionamento automático dos receptores é assunto controverso, pois há o temor de que o acionamento simultâneo de muitos receptores danifique o sistema elétrico. No caso de set-top boxes, campainhas são os métodos preferíveis para que o alerta não dependa do acionamento automático da TV, nem da prática de mantê-la ligada. Por outro lado o acionamento automático de receptores portáteis é desejável e já existem esforços e desenvolvimento em andamento para diminuir o consumo de bateria. Conclusão Em primeiro lugar, para a emissora responsável pela transmissão desses dados, será necessário adequar o playout e multiplexador além de estabelecer um canal de comunicação oficial para recebimento dos dados. Em segundo lugar, para os fabricantes de receptores, trata-se de redesenhar os produtos com interfaces para configuração de localização e monitoração permanente do sinal de TV. Além disso, existem desafios de infraestrutura. Ou seja, evitar que o impacto na rede elétrica decorrente do acionamento automático, simultâneo e em larga escala dos receptores ponha em risco o sistema elétrico. Por fim cabe ressaltar que a implantação de um mesmo sistema em toda a América Latina também poderá requerer ajustes nas normas vigentes, de forma que os códigos de sinalização das aéreas estejam harmonizados regionalmente. Em poucas palavras, a implantação e operacionalização desse serviço de utilidade pública não dependem apenas da criação de um canal de comunicação direta com os cidadãos, mas também de uma estrutura de sensoriamento eficiente e autoridades governamentais responsáveis por sua divulgação ao público. Assumindo sua responsabilidade social, o setor e as entidades de padronização da TV digital no Brasil e na América latina estão se mobilizando para viabilizar sua operacionalização. O trabalho coordenado do Fórum ISDB-T Internacional, do Fórum Brasileiro de TV Digital, da Comissão de Estudos Especiais em TV digital da ABNT, ABNT/CEE-85 e dos órgãos oficiais envolvidos serão fundamentais para transformar o sistema em realidade no futuro próximo.
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Ana Eliza é Gerente de engenharia da TV Globo, Coordenadora do Módulo Técnico do Fórum SBTVD, Presidente da Comissão ABNT/CEE-85 para TV digital e Vice Diretora editorial da SET . Email: ana .eliza@tvglobo.com .br
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