Painel debate as barreiras superadas pelo streaming durante as Olimpíadas – e os novos avanços à frente 

Os Jogos Olímpicos de Paris, realizados de 26 de julho a 11 de agosto, representaram não apenas uma ocasião para o alcance de novos marcos nos esportes, mas também nas operações de mídia. Profissionais envolvidos na transmissão do evento debateram o tema no painel “Streaming das Olimpíadas: Superando Desafios para uma Experiência de Qualidade”. 

Com moderação de Igor Macaúbas, coordenador do GT de Streaming da SET e diretor de Produto e Engenharia da área de Produtos Digitais da Globo, o painel reuniu Daniel Monteiro, head de Desenvolvimento de Produto & Tecnologia da Globoplay; Manuel Martinez Serruys, diretor de Vendas e Engenharia LATAM na MediaKind; e Itamar Silva de Andrade, gerente de Engenharia de Vídeo da Claro. Os especialistas ofereceram uma visão abrangente das inovações e lições aprendidas com a transmissão das Olimpíadas por meio digital. 

“As Olimpíadas e as Copas do Mundo de Futebol são normalmente divisores de águas na adoção de novas tecnologias pela indústria de mídia e entretenimento. Nos Jogos de Paris a gente viu avanços em qualidade de imagem, algumas experiências em 4K 60 frames por segundo e também em 8K Ultra HD. Também houve novos usos de áudio imersivo com tecnologia Dolby Atmos e outras. Daqui a dois anos, na Copa, haverá um novo grande salto”, prevê Macaúbas. 

Andrade, da Claro, fez um resumo das novidades levadas a cabo pela Claro TV+, como os mosaicos na tela com transmissões simultâneas de diferentes eventos. “Registramos 7,4 milhões de horas totais consumidas ao vivo pelo app do serviço, 20% a mais de set top boxes ligados, 1,4 milhão de acessos ao app e um aumento de audiência de 58% nos canais de esportes como o Sportv”, repassou o executivo.

A latência em competições esportivas é um fator muito determinante da experiência, especialmente para os espectadores de grandes cidades. A Claro utiliza duas tecnologias para transmitir o streaming: o DASH, que é usado principalmente em aplicativos Android e Smart TVs, e o HFS, utilizado no decoder e também nos aplicativos do ecossistema Apple. “A latência normal de 2 segundos no DASH foi mantida durante as Olimpíadas, porém quebrada em quatro chunks de meio segundo. Isso agilizou o tráfego pela CDN, pela internet, para os devices. Mas ainda temos muito a evoluir em latência”, afirmou Andrade.

Como garantir uma Qualidade de Experiência (QoE) superior mesmo durante eventos de grande magnitude? “Temos que ter sempre uma visão multi device. E o ao vivo é um grande desafio. A gente vê picos de audiência absurdos. É preciso uma preparação das infraestruturas, escalar plataformas para evitar deixar gente frustrada ou de fora da experiência”, contou Monteiro, da Globoplay. 

Monteiro falou da implementação de um canal em 4K, que foi campeão de audiência entre os canais Sportv e mantido para o Brasileirão 2024, e da importância da agenda (calendário) de eventos durante as Olimpíadas. “Não dá mais para o consumidor saber o que está passando zapeando canais. Ele cada vez mais quer consultar as programações e se preparar para acompanhar o que é de interesse”, avalia o especialista. 

“O streaming ao vivo por cloud segue sendo um desafio. Mas é um caminho incontornável no panorama da TV 3.0”, afirmou Serruys. “Os pilares são escalabilidade, confiabilidade, qualidade/latência e monetização. Os content owners querem encontrar meios de gerar receita com as transmissões. O que fazer? A IA pode ser uma grande ferramenta para a entrega de publicidade segmentada em tempo real”, acredita o executivo da MediaKind.