
Áudio imersivo, HDR e acessibilidade na produção para TV 3.0
Na programação da sala 3 no primeiro dia do congresso SET Expo 2024, o painel ‘Áudio imersivo, HDR e acessibilidade na produção para TV 3.0’ abordou as novas oportunidades e soluções que acompanham a produção de conteúdo na TV 3.0.
Abrindo a mesa moderada por Wolfran Bittencourt, diretor da Wolfran Engenharia, o especialista em soluções de mídia da Globo, Ricardo Costa, abordou os avanços e desafios da tecnologia HDR (High Dynamic Range) na produção e exibição de vídeo, destacando a evolução desde a captura em 4K até as modernas tecnologias. “A resolução espacial e o HDR permitem uma reprodução mais rica e realista das imagens, aumentando o contraste e a gama de cores. No entanto, há desafios técnicos e comerciais para a implementação dessa tecnologia, como a compatibilidade dos displays e a necessidade de equipamentos específicos”, apontou Ricardo.
A integração desses avanços na produção e transmissão de eventos ao vivo ainda enfrenta limitações e a necessidade de ajustes constantes. A adaptação de equipamentos e processos para HDR é essencial para entregar uma experiência visual de alta qualidade, especialmente em eventos ao vivo, onde a pós-produção é limitada. A recomendação para lidar com essas tecnologias envolve a realização de testes rigorosos e a adaptação conforme as normas e as especificações do mercado.
Dando sequência, Gabriel Thomazini, consultor de áudio da Fraunhofer IIS, expôs como a inteligência artificial pode automatizar e aprimorar a mixagem de áudio em eventos ao vivo – de jogos de futebol à recente turnê Sphere, da banda U2. Ao treinar uma IA com milhares de músicas e sons, é possível melhorar a compreensão e a automação dos elementos sonoros, como o posicionamento da bola e o controle do som ambiente. “Com a integração do MPEG-H [High Definition Audio] e o desenvolvimento contínuo, essas inovações estão se tornando cada vez mais acessíveis, melhorando a qualidade e a interatividade do áudio em transmissões ao vivo”, arrematou o especialista.
Em seguida foi a vez de Giuliano Quiqueto, consultor técnico da Yamaha Musical do Brasil, dar um panorama do workflow de áudio imersivo integrado em plataforma de áudio sobre IP. “Utilizando o OBSORTS, é possível montar sistemas de controle remoto e monitorar a produção de áudio em tempo real, enviando o áudio para a nuvem para manipulação posterior”, explicou Quiqueto.
Ferramentas como OSC e VST Panner permitem o controle e posicionamento precisos dos objetos de áudio. A aplicação dessas tecnologias em eventos, como o exemplo do Museu do Amanhã durante a Copa do Mundo, demonstra como o áudio pode ser imersivo e adaptado para criar experiências realistas para grandes audiências. Além disso, a integração de sistemas automatizados em mixers permite a equalização e balanceamento automático do áudio, liberando os operadores para focar em aspectos mais criativos e técnicos, como a criação de experiências sonoras personalizadas para diferentes formatos e audiências.
Encerrando o primeiro painel da manhã, Rafael Parlatore, diretor de acessibilidade da MAV fez a apresentação “Tela para Todos: Acessibilidade na TV 3.0”. “Em 2023, lançamos a marca Tramada, buscando atender uma audiência global diversificada e multilíngue. A acessibilidade tornou-se uma prioridade, com tecnologias que permitem personalizar o conteúdo de acordo com as necessidades dos espectadores, como legendas em tempo real e audiodescrição”, explicou Rafael.
O avanço tecnológico também levou à criação de ferramentas que ajustam automaticamente o nível de áudio e oferecem opções de personalização, como controle de volume e seleção de idiomas. Além disso, o compromisso com a acessibilidade é refletido em soluções práticas, como a audiodescrição sincronizada com o conteúdo em cinemas, melhorando a experiência do espectador e promovendo uma inclusão mais ampla.