
100 anos de NAB
por Felipe Andrade, VP de Vendas da CIS GROUP
Este ano, minha viagem para Las Vegas teve um sabor especial, pois celebrei 30 anos de carreira durante o centenário da NAB. Depois de três longos anos de pandemia, foi extremamente gratificante ver a feira retomando seu papel de trazer inovações, trocas de experiências e discussões.
No entanto, é evidente que a NAB também passa por transformações, assim como o nosso mercado. Os grandes eventos foram substituídos por ações mais direcionadas de marketing, estandes mais otimizados e compactos, um público mais seletivo com foco em negócios e uma quantidade incrível de novos expositores, ultrapassando um total de mais de mil em todo o evento.
Na área de tecnologia, minha impressão foi a de ver uma NAB polarizada entre três temas de igual importância: Realidade Virtual, Nuvem e FAST.
No caso da primeira, as tecnologias como Realidade Aumentada (AR), Realidade Virtual (VR) e Realidade Estendida (XR) têm desempenhado um papel cada vez maior na nossa indústria, criando possibilidades para a criação e distribuição de conteúdo, bem como para a experiência do usuário. Neste ano, a quantidade de fabricantes oferecendo soluções virtuais com um resultado cada dia mais real era enorme. A experiência imersiva e interativa era impressionante e permitia que o público se envolvesse mais profundamente com o conteúdo. Contudo, a adoção dessa tecnologia também enfrenta desafios importantes, como a adequação dos custos e a escassez de mão de obra qualificada. É preciso investir em desenvolvimento e treinamento por parte dos profissionais nesta área.
No caso da Nuvem, temas como AI e ML foram amplamente discutidos. A maioria dos fabricantes mostrou integrações utilizando Inteligência Artificial e Machine Learning incorporadas em suas ferramentas, enriquecendo a geração de metadados, facilitando a pesquisa e edição. O interesse em usar a nuvem na produção ao vivo também cresceu, mas existe o consenso de que uma abordagem híbrida (on-prem + nuvem) é o caminho a seguir – pelo menos a curto e médio prazo. Na mesma linha, aumentaram as expectativas em termos de produção distribuída, ou seja, que os recursos sejam compartilhados e utilizáveis independentemente da sua localização.
E por último, e não menos importante, muitas empresas oferecendo plataformas de canais FAST com receita compartilhada, com uma taxa de adoção de mais de 40% no mercado americano. Aqui no Brasil os números ainda são bem mais tímidos, enfrentando algumas barreiras como a limitação da infraestrutura de internet, geografia continental e regulação, mas que sem dúvidas crescerá como todo o mercado de streaming.
Enfim, minhas impressões da NAB 2023 foram bastante positivas. Nas longas horas de voo de volta para casa, refleti que, apesar das profundas transformações que vivenciamos em nosso mercado, novas oportunidades virão para empresas e profissionais que estejam dispostos a se adaptar e inovar. O futuro é promissor e aqueles que conseguirem se destacar serão capazes de aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios que surgirem.